terça-feira, 18 de maio de 2010

Mary & Max, de Adam Elliot




Antes de comentar sobre Mary and Max eu preciso falar um pouco sobre o melhor personagem deste filme: Seu criador, Adam Elliot.
Nascido na Austrália e portador de um tipo de raro de tremor hereditário, Adam era uma criança tímida que passava seus dias desenhando e criando coisas com pedaços de objetos que encontrava. Aos 12 anos começou a trabalhar num mercado de artesanato fazendo pinturas a mão, transformando sua deficiência em estética visual. Seu sonho era ser veterinário. Ele realmente tentou, mas

não conseguiu alcançar as notas necessárias para iniciar seus estudos na área. 

Se formou com mérito em atuação e completou sua pós-graduação em cinema e televisão especializada em animação. Seu primeiro curta-metragem foi a animação Uncle que narra a sua relação com seus oito tios. Vencedor de diversos prêmios, esta animação de seis minutos é referencia em palestras e seminários sobre animações. Adam Elliot tem um tom visual e estético bem particular, são sempre cores sombrias e apagadas que ajudam a contar histórias intimistas geralmente sobre suas próprias experiências de vida. Ele criava seus filmes num deposito atrás da fabrica de seu pai e todo o seu trabalho é feito de maneira analógica, trazendo uma sensação minimalista.
 
Seus dois curtas seguintes foram Cousin, que é um relato sobre sua infância ao lado do primo que sofria de paralisia cerebral, e Brothers, sobre seu relacionamento com o irmão. Em 2003 o curta-metragem Harvie Klumpet deu a Adam mais de 40 prêmios e o Oscar de melhor animação.

Me identifiquei muito com a questão dele usar o cinema para expressar relações e experiências muito próximas porque é exatamente o que quero para mim. Ainda mais depois que ele disse a frase: “A verdade nunca pode ficar na frente de uma boa história.”. Achei genial porque eu penso isso também. Eu sou muito observador. É involuntário prestar atenção a uma frase dita, um gesto, uma situação. Muitos destes momentos se transformam instantaneamente na minha cabeça em algum tipo de argumento. Mas varias vezes quando leio algo que escrevi e lembro da situação real eu me pego pensando se o que estou lembrando foi exatamente o que aconteceu ou se já é algo que se transformou na minha cabeça. Juro que às vezes fico meio confuso. Adoro tá ficando louco. Estar ficando eu!

Agora sim, vamos falar do filme. Mas é isso! A maior qualidade desta animação é justamente falar de questões fortes, ser sombria, cheia de personagens problemáticos, falar sobre doenças mentais (Adorei a definição da minha amiga: “Mary and Max é o Avatar das doenças mentais.”), trazer desconforto e alivio e tudo isto ser baseado numa história verdadeira. Porque a vida é assim, as vezes colorida, outras sem cores. Mas é a vida. Defina o que é bom para você e saiba que a assimetria existe e você faz parte dela. Assuma!


Mary & Max (Mary and Alex, Australia, 2009) Animação/Drama

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1 comentários:

Maria Clara Spinelli disse...

eu adorei o texto!

e adorei saber sobre o autor...

obrigada. :)

esse filme é sobre aquele menininho que se corresponde com um sr. e criam uma amizade por carta? acho que não, né!?... rsrs. é o que o cartaz me fez lembrar daquele...

beijoooooooo...

12 de julho de 2010 às 10:09