quarta-feira, 16 de abril de 2008

O Céu de Suely, de Karim Aïnouz


Vou confessar uma coisa: Tenho muito “bode” de conversas “intelectualóides” sobre cinema!
Lembro da pré estréia do filme “O Céu de Suely”. Ao final da sessão, durante um bate-papo entre o diretor, preparador de elenco, elenco e platéia, a equipe do filme foi bombardeada por uma sucessão de “... Sou formado nisso, estudo aquilo, e a partir da minha inteligência vi que o filme tem referências ao cinema do século X e Y!”. Geralmente os "intelectualóides" estão mais preocupados em se exibir do que realmente olhar para o filme em questão.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Ator: Sujeito que comete uma ação!


Em dezembro do ano passado, participei de um projeto bem bacana que atualmente está em fase de pós produção. Um curta-metragem, onde o roteiro (a meu ver!) fala sobre insegurança.

Desde sempre, as pessoas (graças a Deus, apenas a maioria) não medem conseqüência e cometem pequenos atos (ok, muitas vezes impensados) que machucam demais o outro. Seja um comentário, uma brincadeira, um gesto. Na maioria das vezes estamos apenas extravasando energia, negativa ou não. E a pessoa, coitada, só foi o catalisador.

O argumento do filme fala sobre um grupo de amigos que se reúne para um churrasco de domingo, e a partir de uma brincadeira do dono da casa, terminam expondo e humilhando uma das pessoas presente.
Este filme me fez refletir sobre quantas vezes as minhas inseguranças colidiram com as frustrações do outro. Quantas vezes eu machuquei alguém, pelo simples fato de não olhar e trabalhar o que realmente me incomodava.
Nós nunca sabemos o que trouxe alguém até aqui. Por isso tenho bastante cuidado em julgar alguém, mesmo isto sendo quase inevitável enquanto ser humano. Nem pense que eu sou o “senhor correto”, mas como já sofri muito com esse tipo de comportamento, procuro não fazer com o outro o que... Ah você já sabe!
A ideia deste projeto vai de encontro com a minha vontade de fazer cinema. Desde criança sempre quis ser ator. Acredito que um filme pode ser um grande amigo, um confidente. E amigos são para entreter e divertir, mas também nos ajuda lidarmos com a vida apontando possibilidades.
Vejo o oficio de ator como uma “troca”:
Me coloco dentro de uma possibilidade, mostrando a quem interessar, uma possibilidade.
Seja como ator ou espectador, um filme funciona para mim como uma grande troca de ponto de vista. Nele, eu tenho a oportunidade de olhar para uma situação, um personagem e sua historia, e a partir daí, refletir como eu poderia melhorar ou não como ser humano.

Pode parecer ingênuo, se parecer, melhor!

O mundo está precisando de boas vontades que não camuflam malicias.

... Gravando!


A idéia inicial deste Blog é dividir, comigo mesmo, meus pensamentos sobre como o cinema é reflexo do nosso cotidiano.

Gosto muito de trocar ideias sobre os mais diferentes assuntos, mas adoro falar sobre a vida e sobre cinema.

Sozinho, faço altos mergulhos nos meus pensamentos, e escrevendo, sempre encontro respostas, para perguntas que muitas vezes jogo aleatoriamente ao vento. Registrar e reler estes mergulhos, me trazem reflexão sobre a vida. As vezes vou tão fundo que tenho medo de me afogar na imensidão azul desse mar interno. Mesmo que muitas vezes seja doloroso, e mesmo sendo quase impossivel não emergir com alguma seqüela, vale a pena. Ao final, as cicatrizes são sinais de aprendizagem.

Nossa, lembrei agora do Ramón, personagem do Javier Bardem no filme "Mar Adentro". Seu mergulho literal o fez desejar a morte por conta de uma seqüela fisica.

Este filme me fez questionar sobre o quanto, me colocando naquela situação extrema que é a do filme, eu sabotaria o desejo de alguém que amo em querer morrer.

Um dia escrevi que, num mundo com tanta maldade, eu gostaria de construir um abrigo para proteger e cuidar de tudo o que amo. Mas logo me lembrei que nem tudo o que eu amo me pertence. E amar algo ou alguem não justifica se apoderar e rouba-lo.

Tentar equilibrar estes sentimentos, é caminhar com menos egoismo e mais compreensão. Apesar de toda demonstração de afeto em nossa sociedade ter como simbolo uma corrente ou aliança para "laçar" quem se ama, o amor caminha de mãos dadas com a liberdade. E respeitar o livre arbítrio do proximo é uma bela demonstração de amor.