sexta-feira, 2 de maio de 2008

A Casa de Alice, de Chico Teixeira


Eis o meu filme perfeito!
Fiquei tocado por este belo trabalho do Chico Teixeira.
Há muito tempo eu não via sensibilidade tão bem filmada no cinema.
Há tempos não via um diretor que abre mão de qualquer vaidade para simplesmente registrar o cotidiano. Sem medo. Sem qualquer imposição ou julgamento.
Está tudo lá... Ou nada!

Ver significado naqueles 92 minutos de projeção vai depender do quanto você está aberto a enxergar os pequenos detalhes que constituem o cotidiano da sua própria vida.
Quando eu entrei naquela sala de cinema, foi buscando um bom filme. Mas quando as luzes apagaram, aquela tela se transformou num enorme espelho. Eu estava lá!
A minha casa estava lá. As panelas, a sujeira, a distância, a indiferença... Todas as possibilidades. As de encontro e as de desencontro. A sombra da iniciativa que muitas vezes não tomamos. A sensação de aprisionamento. A liberdade que depende do nosso passo seguinte. Aquele passo que temos o livre arbítrio de dá-lo ou não.
Saí do cinema perturbado. Me afastei de todos e chorei sozinho num canto.
"Um filme pode ser o melhor amigo de uma pessoa!"
O Chico Teixeira estava presente na sala. Eu fui até ele e disse que estava me sentindo invadido. Ele me deu um forte abraço. Eu nunca vou esquecer daquele olhar.
Muitas vezes esperamos que algo mágico aconteça e que ele mude nosso cotidiano drasticamente. Que nos reaproxime de quem amamos ou que justifique o encontro.
Não há razão para esperar por isto!
No dia seguinte eu acordei e vi a louça suja na pia da minha casa. Simplesmente lavei. Quando a minha mãe chegou, toda atarefada com suas coisas, ficou aliviada por ver a casa organizada. Nós sentamos, jogamos conversa fora, rimos. E este foi o inicio de uma conversa franca e linda. De um abraço que eu não achava a oportunidade de dar ou receber há tempos.
Este é exatamente o tipo de cinema que eu quero fazer: Humano!
Pra mim não existe nenhuma outra razão para fazer cinema se não a de usarmos nossas próprias vivências, sejam elas alegres ou dolorosas, para contar uma historia. E são necessários diretores corajosos como o Chico Teixeira para orquestrar este trabalho.
Chico, você é um excelente diretor. E isto é pela simples conseqüência da pessoa que você é.

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3 comentários:

Ana Maria Saad disse...

linda homenagem indireta para o chico, ele merece!

agora mais lindo é o modo como vc se abre diante da arte para se transformar como ser humano, sem perder a oportunidade de ser cada vez melhor num mundo moderno aonde há excesso de informação e falta de bons sentimentos.

bjoka

sou sua fã, viu ouvinte!

8 de maio de 2008 às 19:47
Rê Marra♥ disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Creio que uma boa parte dos filmes (até os tão criticados norte-americanos) têm algo a nos passar, a ensinar. Mas, depende de nosso olhar, de nossa abertura..Pq mtas vezes, é muito sutil a mensagem. É apenas um subtexto que parece gritar pra uns e pra outros, passa despercebido.
Existem vários filmes que chamam " água-com-açúcar" que tem uma mensagem psicológica, um jogo emocional incrível...é quase uma terapia!! Algumas coisas são bobas? São. Mas erramos tanto justamente nas coisas bobas. Podemos aprender com a simplicidade tb!
Bom....
E é essa uma das funções do cinema: fazer pensar,refletir...e principalmente, edificar(entretendo tb)!
E, na MINHA opinião, engana-se quem acha que pra fazer pensar tem que chocar ou ser agressivo!!!
Pode ser belo, intenso e sutil como " A CASA DE ALICE".

Bjo

11 de maio de 2008 às 01:45