terça-feira, 1 de julho de 2008

Meu Nome Não é Johnny


Não consegui assistir a este filme até o final!
Não necessariamente porque ser ruim, mas não é estilo de filme que prende a minha atenção. A linguagem do filme me pareceu muito próxima de uma novela. Não há silêncio, o elenco não parece integrado.O Selton Mello está ótimo, mas daqui a pouco falo dele.
Não condeno a obra. Pelo contrário, indico. Vou revê-lo. É apenas a mim que minha opinião diz respeito.
“Meu Nome Não é Johnny” fez mais de 2 milhões de expectadores nos cinemas. Acredito que muito se deve a figura querida que o Selton Mello representa para os brasileiros.
É ele quem carrega o filme nas costas. Que hoje já não ocupa apenas o cargo de ator (em breve diretor) e sim empreendedor de cinema. Acho muito bacana a postura ativa que ele tem sobre seus projetos, se envolvendo desde a concepção até a divulgação do filme. Sem nunca esquecer o seu (sempre excelente) trabalho de ator. Eu tenho um pouco de birra dele pelas criticas que faz sobre preparação de atores, mas ok, isto também só diz respeito a mim.
Mas a impressão que me dá, em certos filmes nacionais, é de um “cada um por si”. Muitas vezes os atores não parecem integrados ao projeto daquele filme. Parece que receberam um recorte do roteiro e a partir das suas próprias conclusões modelam a atuação. No set o diretor apara possíveis “arestas” e pronto! Neste próprio “Meu nome não é Johnny” há cenas onde o Selton Mello está ótimo, mas contracenando ao lado de uma caricatura. Parecem estar encenando e não vivendo a situação, tirando toda a veracidade da história que está sendo contada. E isso não é culpa dos atores, e sim do diretor, que tem como função reger uma verdadeira orquestra.
Eu poderia aqui, a exemplo da critica e de vários profissionais da área, detonar este ou aquele filme a partir apenas da minha opinião pessoal. Mas estou me tornando cada vez mais contra a se criar linhas divisórias no cinema. Devemos abraçar a causa “Cinema Nacional” e não ficar disputando qual cinema é certo ou errado, ou pior, minando um mercado que ainda está engatinhando, mesmo que a passos largos.
Lembro deste último Festival de Cannes, onde ao invés da imprensa brasileira festejar a visibilidade que o nosso cinema estava alcançando, tendo quatro obras nacionais disputando os principais prêmios, ficava analisando qual filme teve mais aplausos que o outro, tudo me parece escrito e dito de forma pejorativa.
Eu acho muito destrutivo criar estas barreiras. Fala-se muito sobre o foco que o cinema brasileiro deveria seguir a partir da retomada, que seria apontar e analisar a identidade sócio-política do seu povo. Daí cineastas que abraçaram esta bandeira lá atrás ficam criticando que o cinema brasileiro perdeu sua identidade. Se isto foi foco um dia, que bom que tudo se ampliou, que hoje temos filmes como “Se Eu Fosse Você” que diverte e levam pessoas para os cinemas, e filmes como “Mutum” que falam sobre a condição humana. Além de obras que falam sobre política, violência, classe social e etc. Se o cinema é arte e não comercio, parto do principio que uma coisa não vive sem a outra.
Atualmente vivemos um marco no nosso cinema pois, em pouco mais de uma década, partimos de apenas três produções nacionais para quase oitenta em 2007. Este ano o cinema terá uma verba de mais de R$ 200 milhões em incentivo fiscal para produções nacionais. Mas enquanto o cinema se divide em guetos, onde existe uma preocupação maior em provar conceitos intelectualóides do que ter uma mínima resposta do espectador, já que atualmente os filmes não dependem de bilheteria para serem realizados, o público vem caindo vertiginosamente, a ponto de a ANCINE estar planejando tomar medidas drásticas para que o cinema seja auto-sustentável.
Não acho que a bilheteria deve ser a preocupação mor na hora de conceber um filme, mas está na hora de expandir os horizontes.O Brasil precisa aprender a divulgar melhor seus filmes, e isto não depende apenas da Globo. Fico impressionado como os americanos conseguem encontrar formas para promover seus filmes. Sejam em premiações realizadas para o grande público, sejam em ações de divulgação em programas de televisão, debates abertos, entrevistas, sempre suas obras, mesmo que menores, são apresentadas para quem realmente interessa: O PÚBLICO!
Por exemplo, o filme “A Casa de Alice” seria visto por muito mais pessoas se tivesse tido uma divulgação melhor. É uma excelente obra, de fácil entendimento, objetivo e lindo. Mas pouquíssimas pessoas sabem sobre ele. Nos EUA o filme fez mais de 100 mil espectadores, foi disputado por grandes distribuidores e exibido numa das melhores redes do cinema americano.
Então porque que o mesmo filme não teve nem metade de expectadores em seu pais de origem?
Não concordo em criar uma nova ditadura onde produtores coloquem o dedo na criatividade dos realizadores, mas sim descobrir (ou colocar em prática) ações dos órgãos que cuidam do audiovisual para divulgar melhor nosso excelente cinema brasileiro.
E viva a diversidade do nosso cinema!

TRAILER DO FILME

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